a DC Comics está prestes a lançar um dos seus maiores projetos dos últimos anos com Dark Knight III: The Master Race. Essa mimi-série em quadrinhos irá servir como a conclusão de uma história que começou cerca de 30 anos atrás com a HQ Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. A história de um Batman velho em sua última cruzada tem uma importância imensa para a história da DC e ocupa um espaço especial no coração dos fãs até hoje.
Miller teve um efeito poderoso na franquia Batman franchise, não apenas com O Cavaleiro das Trevas, mas também com histórias como Batman: Ano Um e The Dark Knight Strikes Again. Em honra da chegada de The Dark Knight III e da presença de Frank Miller da Comic Con Experience, que vai rolar entre os dias 3 e 6 de dezembro em São Paulo, decidimos dar uma olhada nas maneiras como o autor transformou de maneira irreversível o Homem Morcego.

1. Ele colocou as "Trevas" de volta no Cavaleiro das Trevas.

GalleryGraphicNovels_1900x900_BatmanTDKR_52af9e0b71daa3.50638882Nos meados dos anos 80, maioria das pessoas olhava para o Batman como um herói carismático, sorridente e meio bobo que tirava bat-escudos não sei de onde no seu programa de TV. Apesar das tentativas da DC nos quadrinhos da época de mudar essa imagem, foi em O Cavaleiro das Trevas que os fãs se lembraram de como o personagem deveria ser. Inspirado pelo filme Impacto Fulminante (1983) e sua própria crise de meia-idade, Miller criou um universo alternativo da DC em que um Bruce Wayne já velho precisava voltar a vestir a roupa do heróis mascarado para salvar uma Gotham decadente. Os leitores encontraram uma versão única do Cavaleiro das Trevas - enfurecido, instável e violento. O livro trouxe Batman de volta para suas origens e pavimentou o caminho para a versão mais sombria do herói no filme de 1989 dirigido por Tim Burton.

2. Ele fixou o universo da DC na realidade.

dark-knight-returns-gothamCom aliens, robôs gigantes, animais falantes e pessoas que podem voar, o universo DC é um lugar bastante fantástico e estranho. Mas antes de O Cavaleiro das Trevas, ele era bastante removido da realidade. Miller enraizou seu universo alternativo da DC em bases mais realistas. Sua Gotham City decadente era muito parecido com a Nova York da época - suja, dura e perigosa. Miller também se inspirou nas políticas da época. O Cavaleiro das Trevas apresenta um mundo em que Ronald Reagan é presidente dos Estados Unidos e o Super Homem é a primeira linha de defesa do país contra a União Soviética. Nem toda a história do Batman desde então fez o mesmo, mas a trama de Miller renovou a ideia de que Gotham deve ser um dos personagens principais nas histórias do Homem Morcego.

3. Ele criou a idade das trevas dos quadrinhos

batman-dc-comics-spawn-comics-6234-1680x1050A ideia de Miller de representar um Batman sombrio e severo afetou não apenas os leitores de quadrinhos, mas seus criadores também. O Cavaleiro das Trevas, junto com o Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons, iniciou a chamada "Idade das Trevas" dos quadrinhos de super-heróis. De repente, as bancas estavam cheias de cenários sombrios, tramas pesadas e anti-heróis operando em mundos opressivos. Mesmo heróis icônicos como Super Homem e Homem Aranha foram confrontados com histórias e vilões mais sombrios no fim dos anos 80 e começo dos anos 90.

4. Ele fez do Comissário Gordon uma figura importante.

gordon-bat-and-gunDe pois de O Cavaleiro das Trevas, Miller escreveu Batman: Ano Um, história que ofereceu uma versão mais realista e aprofundada do primeiro ano de Batman trabalhando como herói. No entanto, o elemento mais revolucionário desse quadrinho não envolvia Batman, mas sim Jim Gordon. Ano Um dava muita atenção para o primeiro ano de trabalho de Gordon na polícia de Gotham. O comissário tinha o mesmo desejo fervoroso de salvar a cidade que Batman, e isso fez dele um personagem mais importante na vida e no trabalho de Batman do que antes. Nos quadrinhos atuais da DC, Gordon assumiu por conta própria o manto de Batman. Será que isso seria possível sem a influência de Ano Um?

5. Ele fez Batman e Super Homem se tornarem rivais.

the_dark_knight_returns_wallpaper_2_by_rollingtombstone-d5pwdba-970x545Antes de Frank Miller, Batman e Super Homem eram sempre grandes amigos. Miller nos ofereceu uma versão bem diferente dessa relação em O Cavaleiro das Trevas. Na HQ, eram ex-aliados que se tornaram inimigos. O climax da história apresenta um Batman blindado por uma armadura lutando contra o Homem de Aço pelas ruas de Gotham. A rivalidade aumenta ainda mais nos próximos trabalhos de Miller, The Dark Knight Strikes Again e All-Star Batman & Robin. A dinâmica criada por Miller para a relação entre os dois heróis influenciou centenas de quadrinhos, e também é a base para o filme Batman vs Superman: Despertar da Justiça.

6. Ele originou o jargão "Eu sou o maldito Batman."

goddamn-batmanUma pessoa que se veste de morcego e sai por aí socando bandidos pode não ser muito sã. O trabalho de Miller com Batman reflete isso com bastante clareza. Se o Batman de O Cavaleiro das Trevas é sombrio e violento, o Batman de The Dark Knight Strikes Again e All-Star Batman & Robin é praticamente um psicopata. Em All-Star Batman & Robin, principalmente, o herói abandona qualquer sanidade enquanto o quadrinho explora a relação problemática entre a Dupla Dinâmica. Essa versão do Batman, que se apresenta como "O maldito Batman" para seu novo parceiro, ajudpu a formar a base para os anti-heróis loucos e grosseiros e femme fatales de Sin City, outra série de quadrinhos de Miller. A frase "Eu sou o maldito Batman" até hoje é uma das mais memoráveis da história da DC.

7. Ele tornou o criador tão importante quanto a criatura.

The_Dark_Knight_Strikes_Again_Vol_1_3_TextlessTalvez o legado mais importante de O Cavaleiro das Trevas não seja a versão mais pesada e realista do Batman que ele nos oferece, mas o fato dela ter tornado Frank Miller famoso. Antes disso, as pessoas não se importavam muito com quem escreviam as histórias dos seus super heróis. Graças ao Cavaleiro das Trevas, Miller uma das primeiras estrelas da indústria dos quadrinhos. De repente, as pessoas se importavam mais com quem criava a história de seus personagens favoritos do que com os personagens em si. Nomes como Frank Miller, Alan Moore, Jim Lee e Todd McFarlane se tornaram tão lucrativos quanto Batman e Super Homem.

Jesse é redator do IGN EUA. Siga-o no