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Borat 2 | Crítica: Sacha Baron Cohen retorna como o alucinado personagem e não poupa ninguém

 

Borat is great! E no meio de uma das eleições mais importantes dos EUA, e também no meio de uma pandemia global, Borat: A Fita de Cinema Seguinte (Borat Subsequent Moviefilm: Delivery of Prodigious Bribe to American Regime for Make Benefit Once Glorious Nation of Kazakhstan, 2020) faz um sensacional e provocante retorno para o personagem imortalizado por Sacha Baron Cohen nos cinemas lá nos início dos anos 2000.

Borat: A Fita de Cinema Seguinte – Crítica
Foto: Prime Video

E como falamos, a época não poderia ser mais propícia e interessante para isso sair. E Cohen e seu time de produção sabem disso e juntamente com o Prime Video (que pegou uma nota pelo filme!) liberaram Borat: A Fita de Cinema Seguinte na noite do último debate americano entre os políticos Joe Biden e Donald Trump apenas para colocar mais lenha na fogueira. Very success!

E é isso que Borat: A Fita de Cinema Seguinte faz ao mostrar da forma mais caricata e surreal possível as loucuras e o que acredita fielmente boa parte da população americana, seja contra as mulheres, os judeus, ou ainda, os democratas. Hillary Clinton bebendo sangue de crianças, em pleno 2020? por favor.

Nesse novo documentário, o jornalista Borat (Cohen) está de volta, com uma nova missão, e claro de volta para os EUA, onde muita coisa mudou desde de sua visita em 2006. E é o ano de Cohen, aqui juntamente com sua participação em Os de 7 Chicago (leia mais aqui), o ator está cada vez mais no holofotes e realmente se mostra com um timing cômico, tanto de no roteiro que ele escreve com mais 7 pessoas, quanto no humor físico e na vontade de deixar o clima desconfortável e quase cruzando uma linha. Quase, mais assim quase mesmo. Faltou um fio do bigode Borat para isso acontecer, e acho que é por isso que Cohen e seu time fazem um bom filme, pois sabem disso.

Borat retorna mais alucinado, perturbado e mais firme de suas convicções contra a América do que nunca. Mas ei, o jornalista não está sozinho. Não não, em Borat: A Fita de Cinema Seguinte temos a entrada de Tutar Sagdiyev (Maria Bakalova, ótima) como a filha do personagem. Exatamente.

E assim, para se salvar a execução depois de ter tornado o seu país um chacota mundial lá no primeiro filme, Borat recebe a missão de voltar aos EUA para entregar um “prodigioso suborno” para os líderes do país (McDonald Trump!) e deixar a gloriosa nação do Cazaquistão bem com o país. (Essa é a tradução do título original em inglês, aliás.)

E assim, Borat e Tutar partem para o país com um macaco a tira colo, e claro suas aventuras em território americano não poupam ninguém e boa parte do que tem acontecido na política, no mundo, e na sociedade nos últimos tempos é cutucado pelo roteiro afiado de Borat: A Fita de Cinema Seguinte que atira para todos os lados. E o longa fala sobre as polêmicas envolvendo os bolos com frases e discursos de ódio, sobre a legalização do aborto, sobre o padrão estético americano e obsessão pela imagem perfeita, e ainda tira um tempo para fazer uma crítica poderosa sobre as redes sociais, o Facebook, e o vício da sociedade com as “calculadoras malucas”, como Borat define os celulares. É tudo bem colocado na trama e deixa um filme com um toque mais ácido.

Borat: A Fita de Cinema Seguinte – Crítica
Foto: Prime Video

E boa parte do filme é essa aventura de Tutar em se transformar na nova Princesa Melania, um desenho animado que coloca a Primeira Dama Melania Trump como uma Princesa ah lá Cinderela que espera seu Príncipe Encantado Trump a pegar pela vagina e ser transportada para uma jaula de ouro, ah a mente dos roteiristas desse filme. Mas o mais bacana, e assim por dizer chocante, é saber que como o filme imita um documentário boa parte das coisas realmente aconteceram. Seja as convenções do partido Republicano que Borat invade na busca de entregar sua filha como suborno para os políticos como Trump, e o Vice-Presidente Michael Pence, e ainda a polêmica passagem que envolve o ex-prefeito de Nova York, o político Rudy Giuliani que foi pego em cenas comprometedoras durante uma falsa entrevista com a personagem de Bakalova. Giuliano hoje é advogado e conselheiro do Presidente Donald Trump e a informação caiu como uma bomba na campanha do atual Presidente que tenta a reeleição. 

E claro, Borat não poderia deixar de não tratar do coronavírus, afinal, as gravações do longa foram prejudicadas pela pandemia. A forma que Borat: A Fita de Cinema Seguinte trata do assunto é tudo que as pessoas racionalmente sensatas vem combatendo… a desinformação, a paranóia, as fake news, e o auto do conservadorismo e preconceito que o lado da direita radical vem propagando. É o uso de máscaras, o distanciamento social, a aplicação de vacinas, e toda a manobra política que o vírus e sua disseminação foram feitas para assustar boa parte do público.

Borat: A Fita de Cinema Seguinte vai fundo na crítica e não poupa escancarar tudo e entregar uma narrativa bem montada e que mesmo em boa parte ficcional é tão surreal que não nos surpreende em virtude de tudo que de maluco tem acontecido no mundo. Borat 2 é como se a série VEEP tivesse tomada anabolizantes e faz um filme que não poupa esforços para expôr as coisas que são desesperadamente jogadas para debaixo do tapete. 

No final, Borat: A Fita de Cinema Seguinte faz um dos filmes mais importantes para o cenário político atual, onde Hollywood usa sua força de exposição para guiar o espectador sobre tudo que tem acontecido no mundo. Sacha Baron Cohen, novamente, nos faz sorrir de orelha a orelha com seus disfarces, seu bigode característico, e com um humor físico marcante. Borat is great!

Avaliação: 3.5 de 5.

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