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Duna | Tudo que você precisa saber para assistir ao filme

 O muito aguardado Duna acabou de lançar seu trailer e todo mundo está em polvorosa querendo saber de onde surgiu esse épico. Pensando nisso, preparamos um guia sumário com algumas das principais informações para você se preparar para essa super estreia que, se der certo, pode ser um marco histórico do cinema. E quem não gosta de ver a história acontecer diante dos seus olhos?

O que é Duna e por que a hype?

Duna é um romance de ficção científica do escritor estadunidense Frank Herbert. Publicado em 1965, o livro chegou a vencer o Hugo do ano seguinte e se tornou um dos mais vendidos e conhecidos livros sci-fi de todos os tempos. O sucesso rendeu ainda mais cinco livros e um conto, saga que foi prolongada após a morte do autor com mais obras escritas por seu filho, Brian Herbert, em parceria com Kevin J. Anderson.

Além dos elementos da fábula, características de todo um novo universo para ser cultuado por fãs, Duna adiciona ainda profundos elementos filosóficos, religiosos e psicológicos ao texto, criando uma narrativa mais cult e não muito preocupada em ter um apelo popular. No Brasil, os livros são lançados pela Editora Aleph, que oferece a sinopse oficial da obra:

Uma estonteante mistura de aventura e misticismo, ecologia e política, este romance ganhador dos prêmios Hugo e Nebula deu início a uma das mais épicas histórias de toda a ficção científica. Nessa trama repleta de política e religiosidade, o jovem Paul Atreides, herdeiro de uma poderosa família que foi vítima de um golpe, é treinado nas doutrinas secretas de uma antiga irmandade, que vê nele a esperança de realização de um plano urdido há séculos. Assim começa uma trajetória para transformar um homem comum em herói e messias.

Imagem: Editora Aleph

Além de ser uma série de livros consagrada, a hype se deve também às décadas em que se repetiu que os livros não poderiam ser adaptados para o cinema, tamanha a complexidade. Duna chegou a ser adaptado uma vez, mas a produção foi um verdadeiro fracasso, mesmo nas mãos de um diretor experiente e pouco preocupado em fazer um filme render financeiramente.

Quanto à hype, entenderemos melhor depois dos próximos pontos.

Primeira adaptação

O IMDb chegou a lançar um vídeo comparando as duas versões:

Mas o que deu errado e por que um novo filme é necessário?

Primeiramente, vale lembrar que nenhum filme é desnecessário: se alguém sentiu a necessidade de criar uma obra de arte, isso já é o suficiente para a existência da obra. Fora isso, Duna é conhecido por ser grandioso (seja na arquitetura, nos ambientes ou pelos vermes gigantes) e as evoluções tecnológicas que vimos no cinema são propícias para a feitura de um filme dessa magnitude.

Em 1984, o diretor David Lynch, da série Twin Peaks, fez seu Duna estrelado por Kyle MacLachlan, mas, embora com o tempo o filme tenha ganhado um certo status cult, na época ele foi bastante criticado. O próprio diretor não defende o trabalho e chegou a dizer que tinha orgulho de tudo que fez em sua carreira, exceto de Duna, em um vídeo no seu canal no YouTube. O trauma foi tanto que, em uma recente entrevista ao The Hollywood Reporter, ele chegou a dizer que não tem interesse no novo Duna justamente porque o seu filme foi um fracasso e uma tremenda dor de cabeça.

Na pior das hipóteses, o Duna de Jodorowski teria sido uma viagem estética (Imagem: Sony Pictures Classics)

Antes mesmo de Lynch aceitar a empreitada, o cineasta chileno Alejandro Jodorowski esteve atrelado a um projeto de adaptação nos anos 1970, que contava inclusive com trilha sonora da banda Pink Floyd, o que foi retomado agora pelo trailer que estreou ontem (9). O filme de Jodorowski, autor de filmes como o complexo A Montanha Sagrada (1973), gerou uma hype enorme e até hoje é uma das obras mais desejadas que nunca irá acontecer, motivo pelo qual o documentário Duna de Jodorowsky (2013) foi bastante procurado por quem era familiarizado com a história.

Duna é difícil de ser adaptado não somente pela história, mas pela linguagem utilizada, já que o livro traz um glossário que é necessário para a compreensão do livro. Esse é daqueles casos divisivos: a adaptação cinematográfica de um livro precisa ser absolutamente fiel? Independentemente da resposta, a complexidade de Duna é uma das suas características centrais e adaptar isso para o cinema, além de desafiador, parece ser uma necessidade.

A série

Duna teve também uma minissérie no canal SyFy, uma saga de quase cinco horas, que foi razoavelmente bem recebida, atingindo entre o público a nota de 75% no Rotten Tomates. O não fracasso do projeto encorajou o canal a lançar ainda Children of Dune, um continuação da minissérie que vai além na história e adapta os livros "O Messias de Duna" e "Os Filhos de Duna".

Imagem: SyFy

A série de Duna chegou a ganhar algumas premiações, sobretudo no departamento de efeitos visuais, e até hoje é aceita entre os fãs como uma adaptação "ok", mas não ideal. Em 2008, o diretor e roteirista John Harrison comentou que faz uma "interpretação fiel" do livro e, de fato, sua adaptação foi muito melhor recebida que a de Lynch justamente pela atenção aos detalhes do livro.

*Atualizado em 15.09.2020. Agradecimento ao leitor Andre Cavalcante.

O novo Duna

Depois de passar pelas mãos de nomes como Jodorowski e Lynch, Duna agora foi dirigido por Denis Villeneuve, um diretor que não adquiriu essa moral toda fácil. Produzindo desde 1994, Villeneuve chegou a ter um certo reconhecimento com Polytechnique (2009), mas foi com Incêndios (2010) que ele finalmente atraiu muitos olhares. Suas produções posteriores atestaram seu talento, que já nem sequer era uma dúvida mais, e, com A Chegada (2015), ele entrou para o hall dos grandes diretores de ficção científica. O sucesso deste filme, que tem uma abordagem completamente inédita no que diz respeito a invasão alienígena, rendeu a confiança de largar nas mãos de Villeneuve um dos maiores títulos sci-fi de todos os tempos: Blade Runner - O Caçador de Androides (1982).

Denis Villeneuve no set de Duna (Imagem: Warner Bros.)

Embora Blade Runner 2049 (2017) não tenha agradado muito o público em geral, ainda assim foi um misto de filme cult contemplativo com blockbuster grandioso, que deu abertura inclusive para ver Blade Runner como uma franquia. O modo como ele mexeu no vespeiro e deixou as vespas calmas (afinal, não é qualquer um que consegue dar sequência a um clássico e criar o próprio clássico) fez com que Villeneuve fosse a opção aparentemente ideal e certa para tentar, enfim, fazer a adaptação que Duna merece. O que não é garantia de que o filme será perfeito, claro.

Quem mais está em Duna?

O roteiro de Duna foi escrito por Villeneuve em parceria com Jon Spaihts, de Prometheus (2012) e Doutor Estranho (2016), e Eric Roth Forrest, de Forest Gump: O Contador de Histórias (1994) e Nasce Uma Estrela (2018). Na produção, Villeneuve também está, o que garante que o diretor tenha mais liberdade criativa, mas outro nome que chama a atenção é o de Joseph M. Caracciolo Jr., que esteve a frente de recentes sucessos de bilheteria, como Logan (2017) e Pokémon - Detetive Pikachu (2019).

O trailer de Duna trouxe a música de Pink Floyd, mas o grande nome que assina a trilha sonora é ninguém menos que Hans Zimmer, mais conhecido por compor as grandiosas trilhas dos filmes de Christopher Nolan, como a de A Origem (2010). Na fotografia, outro especialista em blockbusters, o cinefotógrafo Greig Fraser, de Rogue One: Uma História Star Wars (2016) e que está atualmente trabalhando em Batman (2021).

Imagem: Warner Bros.

O departamento de arte de Duna é outro que exige experiência. O design de produção foi feito por Patrice Vermette, que trabalhou com o diretor em A Chegada, filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar da categoria. Os figurinos maravilhosos que vimos no trailer foram concebidos sob o comando de Bob Morgan e Jacqueline West, sendo ela três vezes indicada ao Oscar de Melhor Figurino por O Regresso (2015), O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) e Contos Proibidos do Marquês de Sade (2000).

E no elenco?

Timothée Chalamet é o protagonista e anti-herói Paul Atreides. Oscar Isaac interpreta o pai de Paul, o duque Leto Atreides. Rebecca Ferguson faz a mãe, Lady Jessica. Zendaya é o par romântico de Paul, Chani. Os dois guerreiros Gurney Halleck e Duncan Idaho que se tornam treinadores de Paul são interpretados por Josh Brolin e Jason Momoa.

Acabou o elenco de estrelas? Claro que não. Stilgar, o líder dos povos indígenas chamados Fremen, é interpretado por Javier Bardem. Stellan Skarsgård interpreta o Barão Vladimir, líder da Casa Harkonnen de Arrakis que luta com a família Atreides.

Vai ter sequência?

Como lembramos acima, o livro tem sequências escritas pelo autor do primeiro livro e outras tantas de autoria do seu filho, o que abre espaço para uma tremenda (e caríssima) franquia. A sequência de Duna ainda não foi anunciada oficialmente, porque provavelmente o estúdio está aguardando pela recepção e valores de bilheteria para avaliar. De qualquer modo, Villeneuve já deixou claro que seu filme diz respeito somente à primeira metade do romance e que um segundo filme daria conta do resto.

Imagem: Warner Bros.

Então, por que a hype?

Não só o trabalho de Villeneuve com Blade Runner 2049 provou que ele era capaz de lidar com grandes obras, mas A Chegada deixou claro que o diretor tem grande proximidade com questões de linguagem e com isso não me refiro à cinematográfica, mas, sim, com a língua, falada ou escrita.

Em abril, o cineasta explicou sobre o motivo de o filme ser dividido em duas partes: “Eu não concordaria em fazer essa adaptação do livro com um único filme. O mundo é muito complexo. É um mundo que tem seu poder nos detalhes.” Essa declaração demonstra o cuidado do cineasta com a obra e nos deixa mais tranquilos com a possibilidade de vermos a história acontecer ao ver o primeiro diretor que (talvez) tenha conseguido adaptar Duna. O trailer, sem dúvidas, é bastante empolgante.

Tá, ok. Mas estreia quando?

Duna chegará aos cinemas em 18 de dezembro, quando acontecerá a estreia internacional, mas ainda não há previsão de lançamento para o Brasil, já que o trailer chegou por aqui dizendo apenas "Breve nos cinemas".

Fonte: c|netThe Hollywood Reporter e Vanity Fair

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