A Morte da Luz – George R. R. Martin
A Morte da Luz é o primeiro romance escrito por George R. R. Martin, publicado em 1977 e indicado para os prêmios Hugo, Nebula e British Fantasy. George R. R. Martin ficou conhecido após o blockbuster Game of Thrones, um dos maiores sucessos editoriais dos últimos tempos, mas em seu livro de estreia já podemos ter uma boa ideia de seu talento como romancista.
É um livro interessante, um romance de ficção científica complexo que lembra muito o estilo dos romances de C. J. Cherryh, ou Jack Vance, escritores famosos da velha guarda.
Ele descreve a história de Worlon, um mundo errante (perdido entre estrelas, não orbita uma estrela específica) e sem vida, que por um breve momento passa por um sistema estelar completamente espetacular, com uma gigante vermelha conhecida como Satã Gordo e várias estrelas menores que o orbitam conhecidas como círculo de fogo.
Vários planetas da borda da galáxia participaram de um esforço de terraformação e construção de 14 cidades, uma para cada planeta colonizador, o que ficou conhecido como festival, uma extravagante demonstração de poder e tecnologia desses mundos. A história do livro acontece quando Worlon já está se afastando em sua órbita hiperbólica desse sistema estelar magnífico, restando apenas poucos habitantes nessas cidades, verdadeiros fantasmas que se recusaram a deixar o planeta moribundo.
Dirk t’Larien é um chamado a este mundo por sua antiga amante Gwen, com esperança de reconquistá-la, para só depois de chegar descobrir que muita coisa mudou e ter que lidar com as antigas e violentas tradições de um dos planetas colonizadores, Kavalar.
A força de George Martin como construtor de mundos e contador de estórias está com força total neste livro. O universo que ele criou é gigantesco, rico e muito mais complexo que o planeta Worlon, apesar de toda ação acontecer ali. Ele pensou em toda história que levou à expansão da humanidade pela galáxia, guerras, evolução de culturas isoladas, criando vários mundos que renderiam livros fantásticos… Será que um dia George Martin pensou em retomar essas histórias? Infelizmente acho isso extremamente improvável de acontecer, considerando a dificuldade que ele tem encontrado em concluir a saga Game of Thrones, o que diria então de retomar esse universo abandonado a décadas.
Mas de qualquer forma esse livro é uma excelente demonstração de sua capacidade de criar histórias repletas de romance e mistério que são muito prazerosas ao leitor.D
Ele faz uma descrição complexa cultura violenta dos kavalarianos, presa em códigos rigorosos de honra, que nos lembra um pouco da cultura cavaleiresca medieval que veremos mais tarde em Game of Thrones, ao mesmo tempo em que fez um estudo sobre a misoginia e xenofobia dessa cultura.
Infelizmente o livro termina de uma forma um pouco abrupta, com um anti-clímax e sem uma resolução clara, mas apesar de um pouco decepcionante o final mostra que o autor possui muita integridade e visão clara de construção de mundos.
Eu gostei muito do livro, apesar de ficar com aquela impressão de que muito ficou de fora, e gostaria muito que ele reconsiderasse voltar a escrever ficção científica retomando esse universo da história de Worlon, mas considerando a velocidade em que vem escrevendo Game of Thrones não tenho muitas esperanças disso acontecer.
Esse livrou foi uma grata surpresa, pois descobri que para George R. R. Martin a ficção científica claramente foi o primeiro interesse desse grande autor.
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