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Por que um reboot de Matrix, quase duas décadas depois do original, não é uma má ideia... - Veja mais em http://robertosadovski.blogosfera.uol.com.br/2017/03/15/por-que-um-reboot-de-matrix-quase-duas-decadas-depois-do-original-nao-e-uma-ma-ideia/?cmpid=copiaecola

Roberto Sadovski
THE MATRIX, Keanu Reeves, 1999. (c) Warner Bros..
Vou contar uma história pra vocês. Minha primeira viagem para Nova York foi em 1999, uma semana antes das estreia de Star Wars: A Ameaça Fantasma. Primeira vez. E em cinco dias eu devo ter assistido a Matrix mais meia dúzia de vezes. Este era o poder que a ficção científica dirigida pelas irmãs Wachowski (quando ainda eram Andy e Larry) exercia em mim. Em um ano de filmes espetaculares (Clube da LutaA Bruxa de BlairBeleza AmericanaO InformanteO Sexto Sentido), Matrix se colocou um degrau acima. Era uma mistureba pop, filosófica e existencial amarrada com as cenas de ação mais espetaculares desde sempre. Ainda hoje, quase duas décadas depois, me pego uma vez por mês colocando o blu ray e voltando ao mundo dentro da máquina. A notícia de que a Warner planeja um reboot não é exatamente surpresa – como propriedade intelectual, a marca é uma mina de ouro que deve deixar executivos salivando. Honestamente? Não é exatamente uma má ideia.
A influência de Matrix reverbera na cultura pop até hoje. Seja na moda, na música e, claro, no cinema. O filme não trouxe nada exatamente novo (cyberpunk, mangá e histórias em quadrinhos já estavam na praça anos e anos antes), mas foi o que melhor embalou e capturou um momento específico do zeitgeist. Muitos dos conceitos sobre realidade virtual e os paralelos com nossa própria realidade alimentam teorias da conspiração até hoje, e a ideia de um herói solitário, um “escolhido”, destinado a salvar o mundo, continua absurdamente atraente, em especial na ficção científica. Mais ainda: ter um grupo de revolucionários lutando contra o sistema, que insiste em “vender” uma realidade fabricada para controle de massa parece o noticiário da TV, e não apenas uma obra fictícia. De certa forma, estamos vivendo na Matrix… mesmo que não seja literalmente. Com os temas tão na superfície, seria até irresponsável por parte do estúdio sentar em cima da marca e não aproveitar o momento.
Um reboot precisa, sim, de muito verde…
Agora, os fatos. Na história que o Hollywood Reporter divulgou, um reboot de Matrix não teria nem a participação dos Wachowski e nem do produtor Joel Silver – nenhuma das partes apita no rumo da série. Um novo roteiro estaria sendo desenvolvido por Zak Penn (que escreveu, entre outras coisas, O Último Grande HeróiX-Men 2, a série de TV Alphas e o próximo filme de Steven Spielberg, Jogador Número 1) como veículo para Michael B. Jordan. A partir daí, as possibilidades são infinitas. Um novo Matrix poderia mergulhar fundo nas duas realidades – o mundo real, pós apocalíptico, e a utopia gerada por computador – e explorar as consequências da “libertação” promovida por Neo (Keanu Reeves) na trilogia original. Outra possibilidade, e a que eu acho mais provável, é enxergar este universo da forma que a Disney vê Star Wars, criando histórias ambientadas em épocas e lugares não mostrados nos filmes dos Wachowski – funcionou em Rogue One, por que não aqui? A terceira via, e a mais improvável, seria um remake literal, recontando a saga de Neo, Trinity (Carrie Anne-Moss) e Morpheus (Laurence Fishburne) do zero.
O grande problema de um reboot de Matrix é recapturar o raio na garrafa. Quando o filme estreou, em março de 1999, a aposta do estúdio era quase zero: uma ficção científica com influência de HQ feita por uma dupla com grandes ambições mas um único fime no bolso, o suspense Ligadas Pelo Desejo. Na época, qualquer filme de gênero jogado nos cinemas só servia para tapar buraco antes de A Ameaça Fantasmaser lançado. Mas algo clicou, seja a história, que trazia uma profundidade inesperada, seja pelos efeitos especiais, revolucionários de verdade. A química do elenco, a estética cyberpunk, os elementos que se tornaram parte de nosso vocabulário (“tomar a pílula vermelha” se tornou sinônimo de encarar uma situação desconhecida) – tudo contribuiu para que Matrix garantisse seu lugar na história. Zak Penn precisa não só respeitar o trabalho dos Wachowski como também pensar ligeiramente fora da curva para entender de que forma um novo filme seria igualmente relevante.
Um novo Matrix precisa ter algo tão revolucionário quanto o bullet time
É uma tarefa improvável, mas não impossível. Star Trek era uma série em coma até J.J. Abrams fazer seu reboot em 2009. O mesmo vale para Batman Begins ou Planeta dos Macacos: A Origem, que redefiniram conceitos estabelecidos mas dormentes, com resultados criativos e financeiros extremamente positivos. E eu nem preciso mencionar Mad Max: Estrada da Fúria, que talvez seja o melhor argumento para ir em frente com qualquer reboot. Se outras vezes a coisa não funciona (não lembro de absolutamente nada do novo Total Recall, que trocou Schwarzenegger por Colin Farrell, e Tron: O Legado foi bacana mas falhou em trazer os fãs de volta ao mundo virtual do clássico de 1982), é o menor dos problemas, um problema que só interessa aos executivos que derem sinal verde para o filme. Não importa o resultado de um novo Matrix: o filme original (e, vá lá, suas continuações) permanecerão intocados, lascas de cultura pop cinematográfica que o tempo não diminui o impacto. E ai de quem entrar em minha casa para dar fim em minha cópia do filme…

SOBRE O AUTOR

Roberto Sadovski é jornalista e crítico de cinema. Por mais de uma década, comandou a revista sobre cinema "SET". Colaborou com a revista inglesa "Empire", além das nacionais "Playboy", "GQ", "Monet", "VIP", "BillBoard", "Lola" e "Contigo". Também dirigiu a redação da revista "Sexy" e escreveu o eBook "Cem Filmes Para Ver e Rever... Sempre".



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