Ridley Scott fez muita falta no mundo da ficção científica. Passados 30 anos desde Blade Runner, o Caçador de Andróides e 33 desde Alien, o 8º Passageiro, o diretor retorna ao gênero com Prometheus. Mesmo contando com alguns problemas sérios, que serão tratados à frente, é inegável que o longa é bem superior a tudo que tem surgido envolvendo viagens no espaço e espécies alienígenas nos últimos anos.
O filme chegou a ser vendido como um prelúdio do primeiro Alien. De certa forma, é isso mesmo, se passa no mesmo universo, mas anos antes. O espectador, no entanto, não deve ir conferir a obra esperando por inúmeras referências ao clássico de 79. Um dos principais méritos de Scott foi investir em uma narrativa original e independente, e também por não se repetir. Alien começa de forma sombria e leva muito tempo para apresentar seu "monstro" e revelar sua protagonista (Sigourney Weaver, que na primeira metade é quase que uma coadjuvante). Na nova produção, o diretor diz logo a que veio, mostrando de cara seu alienígena e, pouco depois, sua protagonista (Noomi Rapace, em uma ótima atuação).
Nos últimos anos, Ridley Scott pecou muitas vezes pela falta de pretensão, optando por caminhos mais fáceis em produções como Robin Hood, Rede de Mentiras, Um Bom Ano e Cruzada. Isso não quer dizer que tais obras sejam ruins, mas sim que possuem poucos inícios de uma autoria. Agora, o cineasta foge do lugar-comum, sendo pretensioso até falar chega. O longa começa com belas paisagens acompanhadas de uma trilha sonora clássica, remetendo aos clássicos 2001 - Uma Odisséia no Espaço e Solaris, e também ao recente A Árvore da Vida. A fórmula "imagens a serem contempladas + música clássica" funciona e torna Prometheus um espetáculo interessante de ser conferido. O problema é que Scott não é nenhum Terrence Malick e está a anos-luz de ser Andrei Tarkovski ou Stanley Kubrick. Assim, as belas imagens quase se perdem no momento que o filme tenta refletir e levantar questões.
Como longa de ficção científica, Prometheus é quase perfeito. Conta com ótimos efeitos especiais, com um elenco em total sintonia e com criaturas misteriosas e interessantes, isso sem falar no suspense bem construído e nas cenas de ação extraordinárias. Então, qual seria o problema? É justamente a superficialidade de seu discurso. Na história, uma equipe de exploradores descobre novos indícios sobre a origem do homem. Em busca de respostas, juntam-se a tripulação de uma nave, patrocinada por um executivo, para seguir um mapa estelar que levaria a um possível contato com nossos criadores. Tudo isso acontece no final do século XXI.
Tentando reescrever o Velho Testamento, o filme é muito raso em sua discussão religiosa, preocupando-se apenas em levantar o eterno debate entre fé e ciência e utilizar simbolismos (e símbolos) baratos, como o crucifixo que acompanha a personagem de Rapace. A dica é para que o espectador aguente o blá blá blá religioso de Scott e foque sua atenção nos méritos da produção, que são muitos.
Noomi Rapace tem sua melhor performance desde que desembarcou em Hollywood. É curioso notar que ela tem quase que a mesma presença em cena que no sueco Os Homens que Não Amavam as Mulheres, não precisando repetir o visual pesado e quase assustador de Lisbeth Salander. Ela entrega uma atuação intensa, em que sua fragilidade aparente cede lugar a uma força e um instinto de sobrevivência impressionantes. O melhor com relação à personagem é o fato de não ser uma nova tenente Ripley.
Quem também merece um destaque no elenco é Michael Fassbender, que dá vida ao personagem mais enigmático da trama (mais até do que os alienígenas). Ao contrário de Alien, aqui não há mistério com relação a existência de um robô dentro da tripulação, mostrando mais uma vez a intenção do diretor de não se repetir. Desde o início sabemos que o personagem de Fassbender não é um humano, mas isso não significa que ele passe a ser transparente por causa disso. Seu David é mais sagaz e irônico que o Ash de Ian Holm no original, e ainda chega a cativar o publico diante do dilema de parecer humano, mas não ser. Nesta questão, lembra um pouco A.I. - Inteligência Artificial. O desenvolvimento do robô é extraordinário, principalmente nos momentos em que busca compreender a humanidade através de filmes como Lawrence da Arábia.
Charlize Theron, Idris Elba, Patrick Wilson, Logan Marshall-Green e Guy Pearce (irreconhecível) completam o elenco e se saem muito bem. Theron interpreta a representante da empresa que patrocina a expedição e surpreende por sua insegurança (proposital), que faz um contraponto interessante com a postura imponente em que aparece em cena. Elba é o tradicional capitão do barco (no caso, da nave), estando presente para volta e meia soltar um clichê ou atuar heroicamente.
Prometheus é um deslumbre técnico, contando com um trabalho de mixagem de som e efeitos sonoros merecedores de aplausos. Se assistir ao longa em um cinema de qualidade, é provável que sinta a sala tremer em alguns momentos. Os efeitos especiais também impressionam e fazem das cenas de ação momentos memoráveis e assustadores. Está longe (muito longe) de ser um filme de terror, como alguns apontaram, mas sem dúvida é eficaz na construção de um suspense.
Como abordei acima, quem for assistir não deve ficar preocupado em procurar referências à franquia Alien. Mas isso não significa que elas não existem. O título do longa é revelado da mesma forma e alguns elementos de uma nave vista aqui também estão presentes naquela abandonada repleta de ovos do primeiro filme. E o tal "oitavo passageiro", também está aqui? Para saber isso, é melhor assistir.
O filme chegou a ser vendido como um prelúdio do primeiro Alien. De certa forma, é isso mesmo, se passa no mesmo universo, mas anos antes. O espectador, no entanto, não deve ir conferir a obra esperando por inúmeras referências ao clássico de 79. Um dos principais méritos de Scott foi investir em uma narrativa original e independente, e também por não se repetir. Alien começa de forma sombria e leva muito tempo para apresentar seu "monstro" e revelar sua protagonista (Sigourney Weaver, que na primeira metade é quase que uma coadjuvante). Na nova produção, o diretor diz logo a que veio, mostrando de cara seu alienígena e, pouco depois, sua protagonista (Noomi Rapace, em uma ótima atuação).
Nos últimos anos, Ridley Scott pecou muitas vezes pela falta de pretensão, optando por caminhos mais fáceis em produções como Robin Hood, Rede de Mentiras, Um Bom Ano e Cruzada. Isso não quer dizer que tais obras sejam ruins, mas sim que possuem poucos inícios de uma autoria. Agora, o cineasta foge do lugar-comum, sendo pretensioso até falar chega. O longa começa com belas paisagens acompanhadas de uma trilha sonora clássica, remetendo aos clássicos 2001 - Uma Odisséia no Espaço e Solaris, e também ao recente A Árvore da Vida. A fórmula "imagens a serem contempladas + música clássica" funciona e torna Prometheus um espetáculo interessante de ser conferido. O problema é que Scott não é nenhum Terrence Malick e está a anos-luz de ser Andrei Tarkovski ou Stanley Kubrick. Assim, as belas imagens quase se perdem no momento que o filme tenta refletir e levantar questões.
Como longa de ficção científica, Prometheus é quase perfeito. Conta com ótimos efeitos especiais, com um elenco em total sintonia e com criaturas misteriosas e interessantes, isso sem falar no suspense bem construído e nas cenas de ação extraordinárias. Então, qual seria o problema? É justamente a superficialidade de seu discurso. Na história, uma equipe de exploradores descobre novos indícios sobre a origem do homem. Em busca de respostas, juntam-se a tripulação de uma nave, patrocinada por um executivo, para seguir um mapa estelar que levaria a um possível contato com nossos criadores. Tudo isso acontece no final do século XXI.
Tentando reescrever o Velho Testamento, o filme é muito raso em sua discussão religiosa, preocupando-se apenas em levantar o eterno debate entre fé e ciência e utilizar simbolismos (e símbolos) baratos, como o crucifixo que acompanha a personagem de Rapace. A dica é para que o espectador aguente o blá blá blá religioso de Scott e foque sua atenção nos méritos da produção, que são muitos.
Noomi Rapace tem sua melhor performance desde que desembarcou em Hollywood. É curioso notar que ela tem quase que a mesma presença em cena que no sueco Os Homens que Não Amavam as Mulheres, não precisando repetir o visual pesado e quase assustador de Lisbeth Salander. Ela entrega uma atuação intensa, em que sua fragilidade aparente cede lugar a uma força e um instinto de sobrevivência impressionantes. O melhor com relação à personagem é o fato de não ser uma nova tenente Ripley.
Quem também merece um destaque no elenco é Michael Fassbender, que dá vida ao personagem mais enigmático da trama (mais até do que os alienígenas). Ao contrário de Alien, aqui não há mistério com relação a existência de um robô dentro da tripulação, mostrando mais uma vez a intenção do diretor de não se repetir. Desde o início sabemos que o personagem de Fassbender não é um humano, mas isso não significa que ele passe a ser transparente por causa disso. Seu David é mais sagaz e irônico que o Ash de Ian Holm no original, e ainda chega a cativar o publico diante do dilema de parecer humano, mas não ser. Nesta questão, lembra um pouco A.I. - Inteligência Artificial. O desenvolvimento do robô é extraordinário, principalmente nos momentos em que busca compreender a humanidade através de filmes como Lawrence da Arábia.
Charlize Theron, Idris Elba, Patrick Wilson, Logan Marshall-Green e Guy Pearce (irreconhecível) completam o elenco e se saem muito bem. Theron interpreta a representante da empresa que patrocina a expedição e surpreende por sua insegurança (proposital), que faz um contraponto interessante com a postura imponente em que aparece em cena. Elba é o tradicional capitão do barco (no caso, da nave), estando presente para volta e meia soltar um clichê ou atuar heroicamente.
Prometheus é um deslumbre técnico, contando com um trabalho de mixagem de som e efeitos sonoros merecedores de aplausos. Se assistir ao longa em um cinema de qualidade, é provável que sinta a sala tremer em alguns momentos. Os efeitos especiais também impressionam e fazem das cenas de ação momentos memoráveis e assustadores. Está longe (muito longe) de ser um filme de terror, como alguns apontaram, mas sem dúvida é eficaz na construção de um suspense.
Como abordei acima, quem for assistir não deve ficar preocupado em procurar referências à franquia Alien. Mas isso não significa que elas não existem. O título do longa é revelado da mesma forma e alguns elementos de uma nave vista aqui também estão presentes naquela abandonada repleta de ovos do primeiro filme. E o tal "oitavo passageiro", também está aqui? Para saber isso, é melhor assistir.
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