Fomos Heróis
Crítica: Fomos heróis
Fomos heróis
Fomos heróis
We Were Soldiers
EUA , 2002 - 138
Direção:
Randall Wallace
Roteiro:
Randall Wallace baseado no livro de Harold G. Moore e Joseph L. Galloway
Elenco:
Mel Gibson, Madeleine Stowe, Greg Kinnear, Sam Elliott, Chris Klein, Barry Pepper
Bom
EUA , 2002 - 138
Direção:
Randall Wallace
Roteiro:
Randall Wallace baseado no livro de Harold G. Moore e Joseph L. Galloway
Elenco:
Mel Gibson, Madeleine Stowe, Greg Kinnear, Sam Elliott, Chris Klein, Barry Pepper
Bom
Mel Gibson resgata o mote dos grandes confrontos, como em Coração valente (Braveheart, dele mesmo, 1995) e O patriota (The patriot, de Roland Emmerich, 2000). Depois de O homem da máscara de ferro (The man in the iron mask, 1998), sua estréia na direção, Randall Wallace dirige a película. Ambos buscam responder a pergunta. Fomos heróis baseia-se em um episódio real da guerra, numa época em que a maioria das pessoas ainda nem sabia onde ficava o Camboja.
O filme inspira-se no livro We were soldiers once... and young, que Harold Moore, tenente-coronel do exército dos Estados Unidos, e Joseph Galloway, repórter fotográfico, finalizaram em 1993. Moore e Galloway - Gibson e Barry Pepper no filme - são dois sobreviventes de uma das primeiras e mais sangrentas escaramuças do conflito na Ásia, que durou de 1959 a 1975. No final de 1965, Hal Moore liderava o Primeiro Batalhão, quatrocentos combatentes, em missão na chamada Zona de Aterrissagem Raio-X, no Vale La Drang. O local ganhara o apelido de Vale da Morte na metade dos anos 50, quando os vietcongues, guerrilheiros comunistas do Vietnã do Norte, exterminaram as forças ocupantes da França, que dominara, por décadas, toda a região da Indochina.
Mesmo com o funesto retrospecto, mesmo sem conhecer o terreno ou os números da tropa adversária, mesmo com um escalão jovem e inexperiente, o tenente-coronel acata as ordens de seus superiores. O resultado, obviamente, não poderia ser mais desastroso. Subitamente, num terreno sinuoso do tamanho de um campo de futebol, 2.000 vietcongues surpreenderam os norte-americanos, numa batalha que durou três dias. Galloway chegou no segundo dia e, além de registrar as cenas do massacre, ainda precisou pegar em armas e se defender. O episódio serviu de estopim para a verdadeira guerra. Até 1974, morreram 180.000 vietnamitas e 40.000 soldados dos Estados Unidos.
Análise
Fomos heróis é um filme patriótico, como deve se imaginar. Em alguns momentos, no entanto, a produção extrapola no viés, começando pelo apelido do Batalhão de Moore: Sétima Cavalaria. O nome relaciona-se com um agrupamento da Guerra Civil dos Estados Unidos, chefiado pelo general George Custer (1839-1876), que acabou dizimado durante um confronto com índios Sioux. Em outras palavras, o ataque aos vietnamitas é considerado tão legítimo e heróico quanto o ataque aos índios durante a colonização.
Para provar o que estou falando, vamos aos números. Em 138 minutos de filme, a primeira hora exibe as esposas dos soldados, as lindas filhas loiras de Hal Moore, o treinamento pesado dos norte-americanos e muitas referências religiosas. Tirando o massacre dos franceses, só quando começa o conflito aparece o primeiro vietcongue, apitando, correndo como um louco com sua baioneta. Aliás, os quase cinqüenta minutos de tiroteios cansam. O diretor Wallace não segura o ritmo, assim como em seu filme anterior.
Curiosamente, o retrato fica mais equilibrado, supera os aspectos bélicos, quando o repórter Galloway entra no combate. Surge um soldado comunista enviando uma carta à sua amada. Snakeshit (Greg Kinnear), um dos pilotos de helicópteros, protagoniza um instante de reflexão e fúria, o melhor momento da projeção, que lembra bastante a obra de Coppola. Mas não há, em instante algum, uma diálogo que seja, qualquer militar questionando seriamente a importância da missão ou duvidando do papel norte-americano naquele princípio de guerra. Na teoria, a parceria de Gibson e Wallace tenta denunciar o terror através de soldados chamuscado pelo Napalm, mas o despudor exagerado e alguns detalhes bem desagradáveis transformam a técnica numa grande apelação.
No fim do filme, os créditos exibem os nomes dos combatentes reais que caíram no Vale da Morte. Assisti ao filme em uma sessão especial, com a presença do filho de um dos sobreviventes, hoje um marmanjo, mas que aguardava o pai retornar à base quando tinha oito, nove anos. Ele considera todas aquelas pessoas verdadeiros heróis da solidariedade e do companheirismo. Confesso que me emocionei, mas a comoção não foi maior do que o incômodo: como é que militares e políticos entregam assim, sem o menor planejamento, sem estratégia alguma, seus homens à morte? O filme acrescenta uma homenagem à memória daqueles mortos, mas pra mim, sinceramente, Fomos heróis deveria ser traduzido como Fomos estúpidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário