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Maze Runner: Correr ou Morrer (2014) Assistir Online

 

Corpos martirizados de um cinema genérico.

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O sucesso da saga Harry Potter passou uma década sendo culpado por qualquer narrativa infanto-juvenil épica que se aventura dos livros para os cinemas. O dinheiro que fez o bruxo tem mesmo sua parcela de culpa, mas o jogo de influências já o ultrapassou há muito, e hoje, 13 anos depois de Harry Potter E A Pedra Filosofal, ele parece mais uma lembrança distante — e quase cânone, em comparação — que um familiar mais velho para os tantos como DivergenteJogos VorazesO Doador de Memórias e Maze Runner – Correr ou Morrer.

Digo isso porque da onda de adaptações de sagas literárias de fantasia que varreu a primeira década do século — Desventuras em SérieAs Crônicas de NárniaZathuraA Bússola de OuroAs Crônicas de Spiderwick —, ou melhor, da sua estrutura narrativa, em que personagens bastante jovens ocupam lugar de destaque, sobrou pouquíssimo. Desde Crepúsculo, os personagens estão mais velhos e mais atraentes e não por acaso. O corpo passou a ter um valor, inexistente na geração anterior, tanto para a venda de ingressos como para a própria narrativa. Crepúsculo tem suas famosas alegorias sexuais — que, pelo que soube, bem deixaram de ser apenas alegorias nos últimos dois filmes — e, tanto em Jogos Vorazes quanto em Maze Runner, o corpo se tornou sinônimo de resistência, força, rebeldia e sobrevivência.

Maze Runner começa já com o protagonista, Thomas (Dylan O’Brien, como ator um ótimo modelo), ainda sem seu nome revelado, preso em agonia dentro de uma caixa e despertando em um campo aberto, cercado por um grupo de garotos da sua idade, meninos perdidos que vivem em comunidade numa estranha Terra do Nunca. Os motivos do lugar e dos personagens só vão estar claros lá para o final do filme. Até então, preserva-se nossa ignorância; a paciência, quando cada nova ação parece mais sem propósito que a anterior e cada explicação mais cabeluda, é que é difícil de manter.

De maneira geral, é um filme bastante genérico que consegue, eventualmente, despertar certa curiosidade — devo dizer, no entanto, que me rendo fácil a sagas de fantasia, mesmo quando todas comecem a parecer iguais. Mas este nunca chega no mesmo patamar político, de desenvolvimento dramático ou de direção de nenhum dos Jogos Vorazes. Os conflitos entre os personagens não funcionam, e o combate contra máquinas nunca vai além dos gritos, chutes e da montagem frenética. Os melhores planos encontram o corpo dos personagens em contemplação, em fuga ou simplesmente correndo no labirinto. A aliança entre os dois corpos perfeitamente planejados — o dos atores, pois quase todos seguem o padrão hollywoodiano, e o do labirinto — constrói imagens um tanto interessantes e fortalece as noções de sacrifício e resistência que o enredo busca.

Falo de como o filme apresenta o corpo como luta, e não como sexo. Porque, por mais fantásticos e ativos eles sejam contra a autoridade da máquina, eles são bem tímidos uns contra os outros. Mais tímidos do que exigiria a lógica para um grupo de jovens que vivem isolados há anos; depois, quando surpreendidos pela presença de uma garota (Kaya Scondelario, da série Skins), reagem quase exatamente como os garotos perdidos a Wendy (“Garotas são demais”, diz um personagem inocentemente). Não faz muito sentido cobrar algo diferente de uma saga dessas. Afinal, eles precisam preservar sua classificação indicativa 12 anos para ver resultados na bilheteria. Apenas acho que a manutenção dessa assexualidade no gênero tem ficado cada vez mais patética.

No fim das contas, Maze Runner é só mais um produto. Não tem a ambição necessária para se destacar positiva ou negativamente. Espero que satisfaça os fãs do livro porque devem ser eles que vão lhe dar qualquer validade. Como filme, é descartável, mas não execrável, pois oferece muito pouco até mesmo para motivar uma rejeição. Vamos ver quanto tempo ainda dura um subgênero saturado.

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