Morre o desenhista Steve Dillon
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Segundo anunciado no Twitter por seu próprio irmão, faleceu hoje o desenhista Steve Dillon, famoso por obras como Preacher, Hellblazer e Justiceiro. Não há detalhes sobre a morte.
Steve Dillon nasceu em Luton, em Bedfordshire, na Inglaterra, em 1962, e foi parte da chamada Invasão Britânica, quando uma série de escritores e desenhistas britânicos tomaram conta do mercado de quadrinhos dos EUA, especialmente da DC Comics.
Dillon começou a carreira bastante cedo, aos 16 anos em 1978, desenhando a revista Hulk Weekly,parte da Marvel UK, a divisão da editora no Reino Unido. Também trabalhou nas revistas Warrior e Doctor Who?. O artista entrou no mainstream dos EUA convidado pelo escritor escocês Grant Morrison na revista do Homem-Animal, super-herói da DC Comics, em 1990, na qual Morrison produziu uma fase bastante aclamada pela crítica. Dillon estreou no número 29 e permaneceu (com alguns intervalos) até o número 50, de 1992.
Em seguida, o artista migrou para o selo Vertigo, que publicava HQs adultas, para a revista Hellblazer, estrelada pelo mago John Constantine, ficando entre os números 49 e 83, entre 1992 e 1994, na qual o desenhista se tornou mais conhecido do grande público. Tendo trabalhado com o escritor Garth Ennis, foi convidado por este a também desenhar Hitman (sobre um assassino de aluguel) e, por fim, a dupla criou a aclamadíssima série Preacher, sobre um pastor degenerado em meio a uma guerra celestial, que teve 66 edições publicadas entre 1995 e 2000 e está agora sendo adaptada como série de TV.
A arte bonita, detalhista, mas de linhas simples, e algo realista de Dillon sempre combinou com histórias de cunho mais “pé no chão”, sem muita fantasia, o que permitiu ao artista trabalhar em muitas HQs de grande valor artístico.
O sucesso da dupla Ennis e Dillon fez com que fizessem vários outros trabalhos, especialmente com o Justiceiro da Marvel Comics, que foi relançado como parte do selo Marvel Knights, com histórias destinadas ao público adulto, que fez tanto sucesso (de público e de crítica) que ganhou dois volumes, o primeiro com 12 edições entre 2000 e 2001 e o segundo com 26 números, entre 2001 e 2003. Depois, Dillon continuou trabalhando com o Justiceiro, fazendo edições especiais e minisséries (como Justiceiro versus Mercenário, de 2005; e Punisher War Zone, em 2009, esta última novamente ao lado de Ennis), assim como a revista PunisherMAX, ao lado de Jason Aaron, com 22 edições entre 2010 e 2012; e a ainda corrente Punisher, ao lado do escritor Beckly Cloonan, que havia começado a ser publicada ainda este ano.
Nos últimos anos, Dillon também trabalhou mais dentro do mainstream da Marvel, fazendo as revistas Wolverine Origins (25 edições, entre 2006 e 2008) e Thunderbolts (seis edições, em 2013, ao lado do escritor Daniel Way).
Steve Dillon tinha 53 anos.
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Alan Moore: Escritor anuncia aposentadoria dos quadrinhos
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Na verdade, não é nenhuma surpresa, mas a notícia está bombando na internet: o escritor Alan Moore (de Watchmen e V de Vingança) anunciou que está se aposentado dos quadrinhos. Segundo ele, seu foco será cada vez mais livros e cinema.
Ao jornal britânico The Guardian, Moore falou:
Tenho umas 250 páginas restantes de quadrinhos [a fazer]. E elas provavelmente serão muito agradáveis. Existem algumas coisas do press book de Avatar que estou fazendo no momento, e parte de um trabalho recente de HP Lovecraft. Kevin [O’Neill] e eu estamos terminando Cinema Purgatorio, e temos mais um livro, o final de A Liga Extraordinária, para completar. Depois disso, apesar de eu poder fazer pedaços de algum quadrinho no futuro, realmente terminei com os quadrinhos.
Moore é um dos escritores mais marcantes dos quadrinhos e sua saída de cena, claro, é algo a lamentar. Ele nasceu em 1953 em Northampton, na Inglaterra, e despontou no início dos anos 1980, no circuito de quadrinhos do Reino Unido, em revistas como Doctor Who Weekly e a famosa alternativa 2000 A.D. Em 1982, começou a escrever para a revista Warrior, na qual publicou duas séries que lhe rendeu seus primeiros prêmios e notoriedade: V de Vingança e Miracleman.
A primeira era um conto de ficção científica sobre um futuro não muito distante, na qual o Reino Unido era tomado por um regime fascista e controlado por um Estado com mão de ferro, sobre a qual se revolta um misterioso mascarado conhecido apenas como V. De bastante sucesso nos anos seguintes, a obra chegaria também ao cinema. Já Miracleman era um velho super-herói britânico, criado à imagem do Capitão Marvel (ou Shazam) da Fawcett Comics (e mais tarde, adquirido pela DC Comics). Miracleman foi a primeira obra de Moore no campo dos super-heróis e o escritor levou tudo para outro nível, com histórias complexas, adultas e perturbadoras.
O autor chamou a atenção da DC Comics e deu início à chamada Invasão Britânica, quando esta editora trouxe vários talentos do Reino Unido para trabalhar em suas revistas, como Grant Morrison, Alan Grant e outros. A DC publicou V de Vingança nos EUA e Moore assumiu a revista do Monstro do Pântano, em 1984, dando origem a uma série bastante aclamada, focada nos dilemas existencialistas da criatura que é meio humana (será mesmo?) e meio planta. Foi nessa revista que criou o detetive sobrenatural John Constantine (em The Saga of The Swang Thing 37, de 1985), um personagem que faria bastante sucesso e seguiria na década seguinte como um dos mais cultuados da facção adulta da editora.
A DC explorou o talento do escritor em uma série de edições especiais de super-heróis, especialmente as edições Anuais, publicadas no verão, de personagens como Batman, Superman e Lanterna Verde. Com o último filho de Krypton, Moore escreveu duas de suas mais célebres aventuras: Ao Homem que Tem Tudo(Superman Annual 11, de 1985) e O Que Aconteceu com o Homem de Aço? (Superman 423; Action Comics 583, de 1986), esta última marcando a despedida do personagem da cronologia pré-Crise nas Infinitas Terras.
Em 1986, Moore começou a publicação de sua obra mais seminal nos quadrinhos: Watchmen, ao lado do desenhista Dave Gibbons, com 12 capítulos mensais. Na obra, que pode ser traduzida como Vigilantes, o escritor explora (tal qual já havia feito em Miracleman) qual seria o real impacto dos super-heróis no mundo real. A ideia da DC com a série era inserir os heróis da Charlton Comics (Capitão Átomo, Questão, Besouro Azul etc.) dentro do Universo DC (pois tinham comprado aquela editora), mas com a trama ousada e extrema de Moore, ficou acertado que ele usaria seus próprios personagens, deixando os da Charlton para outra oportunidade, criando assim Dr. Manhattan, Rorscharch, Coruja, Comediante, Ozzymandias, Espectral etc.
Watchmen foi um grande sucesso de público e crítica e foi a primeira obra de quadrinhos a ser realmente tomada à sério pela imprensa, chegando a ser listada desde então no ranking das mais vendidas do The New York Times. A maxissérie foi adaptada ao cinema em um filme sensacional e bastante fiel (embora, claro, mais conciso) lançado em 2009 e dirigido por Zack Snyder (de Batman vs. Superman – A Origem da Justiça).
Em seguida, Moore lançou a graphic novel Batman: A Piada Mortal, em 1987, explorando a relação do cavaleiro das trevas com seu pior inimigo, o Coringa, numa das histórias mais chocantes do personagem. A obra foi bastante aclamada e serviu de inspiração (mais temática do que narrativa) ao filme Batman – O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, de 2008, mas foi adaptada de modo mais literal como um desenho animado em longametragem com Censura 18 anos este ano.
Neste ponto, conflitos acerca dos royallities de Watchmen fizeram Moore romper definitivamente com a editora. Então, Moore deixou os super-heróis tradicionais definitivamente e passou a colaborar com editoras menores e independentes, produzindo ainda uma grande obra, como Do Inferno, Lost Girls, Promethea, Tom Strong e A Liga Extraordinária, esta última com aventuras de personagens famosos da literatura britânica e que também foi adaptada ao cinema, embora com um filme de pouquíssima qualidade. Do Inferno (um conto sobre a investigação contra Jack, o Estripador) também virou filme, estrelado por Johnny Depp.
Moore também investiu na literatura, com A Voz do Fogo, de 1996, e deve lançar seu segundo romance em breve: Jerusalém.
Morre o desenhista Darwyn Cooke
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Notícia triste aos fãs dos quadrinhos. Morreu ontem o desenhista canadense Darwyn Cooke, famoso por sua arte de estilo retrô e grande talento para narração gráfica. Ele também escrevia suas histórias e produziu alguns clássicos recentes, como a minissérie A Última Fronteira, com uma aventura da Liga da Justiça da editora DC Comics. Cooke tinha apenas 53 anos e foi vítima de um tipo agressivo de câncer.
Nascido na cidade de Toronto, no Canadá, em 1962, Darwyn Cooke começou a carreira como design gráfico e trabalhando na imprensa canadense, até tentar ingressar no mercado de quadrinhos, sua grande paixão, em 1985, embora tenha produzido um mínimo de material, não achou oportunidades promissoras. Só voltaria às HQs anos depois e por uma outra via: as animações. Atendendo a uma chamada de emprego, terminou trabalhando como artista de storyboard para Batman – A Série Animada, comandada pelo artista Bruce Timm e levada à TV pela Warner Bros. e a DC Comics. Cooke permaneceu como um artista importante do estúdio, trabalhando também em Superman – A Série Animada e Batman Beyond, com a versão futura do homem-morcego, da qual também foi o animador da abertura.
Na ocasião, a arte de Cooke começou a chamar a atenção da DC Comics, que publicou a primeira história importante do artista: a graphic novel Batman: Ego, em 2000. Em seguida, o artista conseguiu algum trabalho na concorrente Marvel Comics, como em X-Factor e na revista “indie” do Homem-Aranha Spider-Man: Tangled Web, mas foi na DC onde realmente desenvolveu sua carreira. Em 2001, foi convidado pelo escritor Ed Brubaker para produzir uma série de aventuras secundárias da Mulher-Gato, publicadas na revista do Batman Detective Comics, entre os números 759 a 762, nas quais aparecia em destaque o personagem do detetive Slam Bradley (um antiquíssimo personagem, criado pela dupla Jerry Siegel e Joe Shuster para a DC Comics ainda antes do Superman). A arte de estilo retrô de Cooke casou perfeitamente com a narrativa detetivesca de Brubaker.
O sucesso daquelas histórias levou ao lançamento de uma nova revista da Mulher-Gato ainda em 2001, com Brubaker e Cooke, na qual o visual da anti-heroína foi reformulado. Infelizmente, Cooke ficou apenas os 04 primeiros números, partindo para fazer a graphic novel Selina’s Big Score, que era um tipo de prelúdio ao material que desenvolveu com Brubaker, que saiu em 2002.
Em seguida, fez seu grande trabalho para a editora em DC: A Última Fronteira, uma fabulosa minissérie em 06 partes publicadas em 2004, na qual situa o surgimento dos heróis da DC Comics nos anos 1950, tendo como pano de fundo a Guerra Fria e a corrida espacial. Era uma obra sensacional, com forte caracterização dos personagens, explorando novas dimensões e casando-os de modo impressionante ao contexto histórico e fazendo grandes referências aos aspectos editoriais da DC Comics: por exemplo, na trama, os heróis como Flash, Lanterna Verde e Caçador de Marte vão surgindo no mesmo tempo histórico em que foram criados nas HQs, ou seja, no fim dos anos 1950, até nos mesmos meses.
A obra lançou um espírito clássico e saudosista muito interessante à imagem da Liga da Justiça, reforçando seu aspecto icônico. A Última Fronteira seria mais tarde adaptada como um desenho animado em longametragem da Liga da Justiça muito bom, da qual Cooke também foi produtor e coroteirista ao lado de Stan Berkowitz, lançado no mercado doméstico em 2006.
Em 2005, Cooke ganhou o Prêmio Eisner de Melhor Histórica Única pelo número 05 do projeto Solo, no qual traz uma história de Slam Bradley. Em 2006, Cooke ganhou mais notoriedade pelo crossover entre Batman e o personagem de Will Eisner, The Spirit, que foi escrito por Jeph Loeb, o que serviu de ponto de partida para a produção de uma nova leva de histórias próprias do Spirit, com texto e arte de Cooke, pelo qual foi premiado pelo Prêmio Joe Shuster de melhor desenhista.
Em seguida, fez os seis primeiros números da revista Superman: Confidencial, focada em aventuras que se passavam nos primeiros anos de carreira do herói.
Entre 2009 e 2012, o artista trabalhou em várias graphic novels para a editora IDW, adaptando as histórias de Richard Stark’s Parker: The Hunter,e voltou à DC Comics para o projeto especial Before Watchmen, publicado entre 2011 e 2013, focado em criar prelúdios para a famosa e aclamada história de Alan Moore, Watchmen, lançada originalmente 1985. Cooke escreveu e desenhou a minissérie Antes de Watchmen: Minutemen, pautada nos Minutemen, o grupo de heróis que teria surgido em 1940, detalhando suas histórias. Ele também escreveu (mas não desenhou) a minissérie Antes de Watchmen: Espectral, com as aventuras da heroína que herda o “cargo” da mãe nos anos 1960.
No último dia 13 de maio, a esposa de Cooke publicou uma nota oficial à imprensa informando que o desenhista estava iniciando um “tratamento paliativo” contra um câncer muito agressivo, mas o artista veio a falecer já no dia seguinte.
Com Darwyn Cooke morre também uma parte do estilo retrô, clássico e icônico tão forte às HQs e, particularmente, aos heróis da DC Comics.
Batman: A partir de agora escritor Bill Finger receberá os créditos pela criação do homem-morcego junto a Bob kane
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
A editora DC Comics (e o conglomerado Warner Bros., da qual faz parte) surpreendeu todo mundo ontem com uma boa notícia: partir de agora, oficialmente, o escritor Bill Finger receberá os créditos de criação do Batman, o mais popular dos personagens da editora, ao lado do sempre creditado Bob Kane.
O anúncio é oficial e, a partir de agora, os produtos referentes ao cavaleiro das trevas serão “Batman criado por Bob Kane e Bill Finger”. A nova sentença estreia já na segunda temporada da série de TV Gotham, que se inicia nos EUA nas próximas semanas. Em seguida, também estará no filme Batman vs. Superman – A Origem da Justiça, em março de 2016.
Embora o anúncio não faça menção, é quase certo que as HQs também terão a nova informação.
Bob Kane já trabalhava para a DC Comics, em 1938, quando convidou Bill Finger para a função de “escritor fantasma“. Do modo como a indústria de quadrinhos funcionava na época, um artista como Kane fazia a negociação direta com a editora, que encomendava uma quantidade enorme de trabalho do artista (que era pago por página, como ainda é hoje). A quantidade impossibilitava que alguém como Kane fizesse tudo, então, ele abria um estúdio, no qual contratava outros escritores e desenhistas que não ganhavam crédito algum, já que o contrato era entre Kane e a editora.
Muitos criticam Kane por isso, mas a maioria dos grandes escritores ou desenhistas da época usava o mesmo recurso dos estúdios, como Will Eisner, Jerry Siegel e Joe Shuster, Jack Kirby e Joe Simon etc.
Em 1938, Kane já fazia algum sucesso escrevendo histórias policiais e de detetives para as revistas Action Comics e Detective Comics, quando o editor Vin Sullivan lhe encomendou um novo super-herói que fizesse tanto sucesso quanto o recém-lançado Superman. Kane criou o conceito do Batman, mas solicitou ao colega Bill Finger algumas “dicas” antes de apresentá-lo à DC Comics. O próprio Bill Finger narrou a história em um depoimento citado no livro A História dos Quadrinhos, de autoria de Jim Steranko:
[Bob] teve uma ideia para um personagem chamado “Batman” e ele me pediu para ver os desenhos. Eu fui até o [estúdio] de Kane e ele tinha desenhado um personagem que parecia demais com o Superman, com um tipo de uniforme vermelho, eu acho, com botas… sem luvas, sem braceletes… com uma pequena domino mask [aquela máscara que cobre apenas os olhos], balançando em uma corda. Ele tinha duas asas fixas nas costas, que pareciam asas de morcego. E abaixo tinha um grande símbolo com “Batman” [escrito].
O próprio Kane já contou mais ou menos a própria história, em sua autobiografia, de 1994, reconhecendo que Finger nunca recebeu o crédito merecido, e reafirmando que foi o escritor quem teve a ideia de transformar a “domino mask” em um capuz completo (com orelhas) e transformou as asas em uma capa recortada, que dava o efeito de uma asa de morcego quando projetada nas sombras ou no ar, além de acrescentar as luvas características do personagem.
Foi Finger também quem criou o nome “Bruce Wayne” para a identidade secreta do herói, já que queria um nome que passasse heroísmo (o Bruce de Robert Bruce, herói da luta na formação da Escócia) e, por ser um playboy, algo aristocrático (um sobrenome relacionado à colonização da América, que achou em Mad Anthony Wayne).
A partir dos conceitos de Kane, Finger escreveu a primeira história do Batman, publicada em Detective Comics 27, de maio de 1939. Ele também produziu muitas das primeiras e mais famosas aventuras do personagem. Além disso, o escritor também batizou a cidade de Gotham City e criou – em parceria com Kane e/ou o desenhista Jerry Robinson – personagens marcantes como Coringa, Robin, Mulher-Gato e o Comissário Gordon.
Bob Kane costumava dizer que criou Batman pensando em um super-herói, mas Bill Finger o transformou em um detetive sombrio. O aspecto policial e detetivesco de muitas aventuras do homem-morcego eram uma marca de Finger, assim como o curioso gosto por inserir objetos em tamanho aumentado. Artefatos icônicos da batcaverna usados como troféus pelo herói, como o dinossauro T-Rex mecânico e a moeda gigante surgiram em aventuras escritas por ele.
Finger criou a origem do Batman, contada em Detective Comics 33, de 1939, na qual o pequeno Bruce Wayne vê os pais serem assassinados por um bandido comum.
Também foi Finger quem escreveu a mais celebrada história do cavaleiro das trevas na Era de Ouro dos Quadrinhos: Quem é o Capuz Vermelho?, publicada em Detective Comics 158, de 1955, que trouxe, pela primeira vez, a origem do Coringa.
Em uma entrevista ao quadrinista Mark Waid, o letrista (e artista que fazia os fundos das histórias, como cenários) George Roussos ressaltou a dedicação e talento de Finger em sua escrita:
O que era bom sobre Bill é que, o que quer que ele escrevesse em uma trama, fazia um monte de pesquisa para aquilo. Quer se passasse em uma estação de trem ou em uma fábrica, ele sempre tinha uma foto de referência, normalmente da National Geographic, e dava a Bob [Kane] toda a pesquisa para desenhar a partir daquilo. Ele era muito organizado e metódico. Seu único problema era que não conseguia manter o ritmo de trabalho… Não podia produzir material com regularidade o suficiente.
A preocupação em criar histórias críveis e dar um ar de “realidade” ao mundo habitado por Batman, foi uma grande marca de Finger para o personagem. Nessa busca, o escritor criou vários elementos do universo do homem-morcego, como o batmóvel e a batcaverna.
Milton “Bill” Finger nasceu em Denver, no Colorado, nos EUA, em 1914, numa família judia. Seu pai, Louis, havia emigrado da Áustria e sua mãe, Tessie, era norteamericana. Durante a Grande Depressão, a oficina de alfaiataria de Louis quebrou e a família se mudou para Nova York, onde foi morar no Bronx. Lá, Bill foi estudar na DeWitt Clinton High School, onde conheceu o futuro parceiro Bob Kane. Após trabalhar junto com Kane em 1938, assumiu o posto de principal escritor do estúdio do desenhista, produzindo as aventuras do Batman em seus primeiros anos.
Kane manteve o estúdio produzindo as histórias do Batman entre 1939 e 1964, quando se aposentou. Bill Finger produziu tanto através do estúdio quanto remetendo material diretamente para a DC Comics.
Isso permitiu a Finger trabalhar com outros personagens da editora. Ele criou, juntamente ao desenhista Martin Nodell, a primeira versão do herói Lanterna Verde (Alan Scott), que produziu por sete anos, entre 1940 e 1947; e também escreveu histórias do Superman. Inclusive, apesar da kryptonita ter sido criada no programa de rádio do homem de aço (a partir de uma história original de Jerry Sigel, o criador do personagem), Finger foi o primeiro escritor a usar o mineral em uma HQ: Superman 61, de 1949, com arte de Al Plastino.
Finger ainda escreveu muitas histórias para a revista World’s Finnest, que traziam aventuras conjuntas de Batman e Superman e faziam bastante sucesso na época.
O escritor também trabalhou em algumas outras editoras de quadrinhos, ocasionalmente.Uma delas foi a Marvel, para quem, nos anos 1940, escreveu várias aventuras do Capitão América. Finger também criou, em 1946, o primeiro supergrupo de heróis da Marvel, o Esquadrão Vitorioso, que reunia heróis como Capitão América, Tocha Humana, Namor, Bucky, e alguns outros. Apesar da equipe ter apenas duas histórias publicadas, foi essencial, porque o conceito foi absorvido anos mais tarde pelo escritor Roy Thomas, que “criou” o grupo Invasores na revista dos Vingadores, em Avengers 71, de 1969. Mais tarde, o próprio Thomas criou uma história em que mostrava que os Invasores haviam mudado de nome para Esquadrão Vitorioso após o fim da II Guerra Mundial.
Finger produziu histórias para a DC Comics até o fim dos anos 1960 e morreu em 1974, aos 59 anos. Em 1999, seu amigo e ex-parceiro Jerry Robinson (que trabalhou no estúdio de Kane) criou o Bill Finger’s Awards of Comics Writing, que premia os melhores escritores de quadrinhos todos os anos na Comic Con de San Diego.
O fato da DC Comics passar a dar os créditos oficiais de Bill Finger como cocriador do Batman, provavelmente, se insere no contexto da editora tentar evitar problemas judiciais com seus herdeiros, do mesmo modo que tiveram com a família de Jerry Siegel ou a Marvel Comics teve com os herdeiros de Jack Kirby. De qualquer modo, é uma novidade bem-vinda e justa com o talentoso escritor sendo reconhecido, mesmo que tardiamente.
Batman foi criado pelo cartunista Bob Kane e o escritor Bill Finger, estreando na revista Detective Comics 27, de 1939 e desde então é publicado pela DC Comics.
Morre Herb Trimpe, clássico desenhista do Hulk e primeiro a desenhar Wolverine
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Faleceu ontem o artista Herb Trimpe, famoso por seu longevo trabalho na editora Marvel Comics, onde trabalhou com diversos personagens, incluindo uma clássica passagem pelo Hulk, onde foi o primeiro a desenhar uma aventura de Wolverine. A notícia veio da própria página oficial do artista no Facebook, ontem mesmo.
Herbert “Herb” Trimpe nasceu em 1939 em Peekskills, no Estado de Nova York, desde cedo se interessando por arte e desenho. Ele ingressou na Marvel Comics em 1967, como funcionário da redação, porém, logo, começou a fazer arte-final de algumas revistas secundárias e, por fim, passou a desenhá-las.
Seus primeiros trabalhos incluem participações na revista Nick Fury, Agent of SHIELD, em 1969, para em seguida assumir a revista The Incredible Hulk a partir do número 106, de 1968, permanecendo de modo quase ininterrupto por sete anos na revista, até a edição 193, de 1975. Também desenhou várias edições esparsas da revista The Invencible Iron-Man, com as aventuras do Homem de Ferro, desde 1970 até 1976.
Assim, o traço de Trimpe foi “a cara” do Hulk na primeira metade dos anos 1970. Na revista, ele foi o criador visual de dezenas de personagens importantes, como Jim Wilson (edição 131, de 1970), Jarella (edição 140, uma das mais famosas e clássicas aventuras do personagem naquela década) e o Dr. Leonard Samson (edição 141, de 1971). Foi também na longa temporada de Trimpe com o Hulk que Wolverine fez sua estreia nos quadrinhos. Contudo, o futuro x-man mais popular foi criado pelo escritor Len Wen e o desenhista John Romita, que desenha a capa de The Incredible Hulk 181. Ainda assim, Trimpe foi o primeiro a desenhar Wolverine em ação no pequeno arco publicado nas edições 180, 181 e 182.
Em The Incredible Hulk Trimpe trabalhou com vários roteiristas, como Stan Lee, Marie Severin, Roy Thomas, Archie Goodwin, Steve Englehart, Chris Claremont, Gerry Conway e Len Wein.
Após a passagem pelo Hulk, Trimpe se uniu de novo a Chris Claremont, criando a revista Captain Britain, em 1976, com as aventuras do Capitão Britânica, um personagem feito especialmente para o mercado do Reino Unido e publicado pela Marvel UK, a subsidiária inglesa da editora. Foi na edição 08 dessa revista que surgiu a irmã do herói, Bettys Braddock, a Psylocke, que mais tarde se tornaria uma famosa membro dos X-Men nos anos 1990.
Trimpe também desenhou a revista The Defenders, em 1980, e em seguida, assumiu Marvel Team-Up, que trazia sempre o Homem-Aranha agindo ao lado de outros heróis da Marvel, as quais desenhou as edições 106 a 118, de 1981 a 1982.
O desenhista também trabalhou com várias das revistas de produtos licenciados pela Marvel, como o mostro japonês Godzilla e o aventureiro cinematográfico Indiana Jones, mas sua mais marcante produção nesse sentido foi G.I. Joe: A Real American Hero, a revista dos Comandos em Ação, escrita por Larry Hama, na qual desenhou a primeira edição, em 1982, e algumas outras dos primeiros números, terminando por assumir a revista derivada G.I. Joe: Special Missions, que teve 28 edições publicadas entre 1984 e 1989.
Dali em diante, já com idade avança e “superado” por uma geração mais nova de desenhistas, Trimpe passou a fazer apenas edições especiais, de personagens como Quarteto Fantástico e Capitão América até se desligar da Marvel em 1996. Ele aproveitou a pausa para estudar Arte na Empire State College e manteve-se trabalhando para editoras pequenas, além de uma edição especial de BPRD, a agência especial do universo do personagem Hellboy, da Dark Horse Comics.
Herb Trimpe tinha 75 anos e deixa uma viúva e quatro filhos. A família pediu que, em vez de flores, os fãs doassem fundos para o Hero Iniciative, uma organização não-governamental que cuida de artistas de quadrinhos aposentados e com dificuldades financeiras.
Batman: Desenhista Norm Breyfogle ganha coletânea de histórias pela DC Comics
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Ao longo de seus 75 anos de publicação, Batman, o combatente do crime das histórias em quadrinhos criado pela editora DC Comics, já foi escrito e ilustrado por alguns dos mais famosos e talentosos artistas do mundo. Contudo, enquanto alguns alçam o megaestrelato, outros não ficam tão famosos, apesar do talento. Este último é o caso do desenhista Norm Breyfogle, que imprimiu uma marca significativa nas histórias do homem-morcego na passagem da década de 1980 para 1990, mas raramente é lembrado no rol dos grandes artistas do cavaleiro das trevas.
Uma pequena reparação dessa condição foi anunciada esta semana pela DC Comics: a editora publicará em julho o encadernado Batman: Legends of the Dark Knight – Norm Breyfogle,inteiramente dedicado às aventuras do homem-morcego ilustradas por ele. É a primeira vez que a obra do artista ganha uma retrospectiva. A coletânea reúne as edições Detective Comics 579, 582 a 594 e 601 a 607, além de Batman Annual 11 e 12, publicadas originalmente entre 1987 e 1990. Os roteiros são de Alan Grant na primeira revista e John Wagner na segunda. O livro terá 520 páginas e preço de US$ 49,99.
A fase desenhada por Breyfogle ocorre no período posterior à morte do Robin II (Jason Todd) e o início da saga A Queda do Morcego, e coincide com um período no qual o Batman se tornou extremamente popular, fruto do alto nível de suas histórias, tanto nas revistas mensais, quanto nas especiais. Também foi a época do lançamento dos dois filmes dirigidos por Tim Burton.
Dessa forma, o Batman de Norm Breyfogle explora bastante uma abordagem sombria do personagem, o que o artista consegue com traços retos e expressivos, criando grandes paineis. Também ajuda muito os roteiros inteligentes e não-usuais de Alan Grant, escritor vindo da “invasão britânica”, na qual um grande número de artistas do Reino Unido migraram para os EUA e revolucionaram o mercado das histórias em quadrinhos, com abordagens mais adultas e contemporâneas dos personagens e das histórias.
As tramas de Grant trazem reflexos diretos da época, desde a primeira Crise no Golfo até os estopins finais da Guerra Fria, passando por temas mais mundanos como o descarte de lixo das grandes cidades. Tudo isso emoldurado na arte, dura, reta, expressiva e espetacular de Norm Breyfogle. A dupla criou vilões como Anarquia, Zsasz e Vetríloco, criou grandes histórias com Matadouro e Coringa e trouxe eventos marcantes, como a morte dos pais de Tim Drake e sua transformação no Robin III.
Para aqueles que lêem em inglês e têm interesse em aprofundar os conhecimentos em recantos não óbvios da trajetória do Batman, esta edição especial da DC é um ótima pedida.
Norm Breyfogle nasceu em 1960, em Iowa City, no Estado de Iowa, e desde cedo se envolveu com a arte, tendo cursado Pintura e Ilustração na Northern Michigan University. Começou sua carreira profissional nos jornais e fazendo desenhos para a NASA até ingressar nas HQs via editora DC Comics e outras, como First Comics e Eclipse Comics. O apogeu de sua carreira foi a partir de 1987, quando estreou na revista Detective Comics, estrelada pelo Batman. Ele também ilustrou as revistas Batman e Shadow of the Batman, uma revista com o herói Espectro e outra ilustrada pelo vilão (ou anti-herói) Anarquia, por ele criado. Com o fim dos anos 1990, Breyfogle não conseguiu mais trabalhos regulares nos quadrinhos, passando a se dedicar a outras atividades e ter dificuldades financeiras. Nos útlimos anos, fez trabalhos para as editoras Speakeasy e Archie, mas passa por problemas de saúde, após ter sofrido um infarto em 2014.
Batman foi criado pelo cartunista Bob Kane, estreando na revista Detective Comics 27, de 1939 e desde então é publicado pela DC Comics.
Etiquetas: DC Comics, Norm Breyfogle
Homem-Aranha: Clássico escritor Gerry Conway vai escrever minissérie do personagem
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Gerry Conway, um dos mais clássicos escritores do Homem-Aranha, irá voltar ao personagem. Ele publicou no Twitter ontem que escreve atualmente uma minissérie do personagem da Marvel Comics que será publicada no ano que vem, entre o fim do inverno e o início da primavera (ou seja, entre fevereiro ou março de 2015). Conway é famoso por ter escrito a clássica história A Noite em que Gwen Stacy Morreu, a mais importante (e provavelmente, a melhor) aventura do aracnídeo, publicada em duas partes nas edições Amazing Spider-Man 121 e 122, de 1973, com desenhos de Gil Kane e John Romita. A aventura foi, inclusive, parcialmente adaptada no filme O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro.
Não há qualquer detalhes sobre o que será a minissérie por enquanto.
Gerald F. “Gerry” Conway nasceu no Brooklyn, em Nova York, em 1952 e foi parte da geração de jovens escritores que dominou o mercado de quadrinhos no início dos anos 1970, estabelecendo a Era de Bronze dos quadrinhos. Precoce como muitos de sua geração, Conway iniciou a carreira aos 16 anos, publicando histórias de terror na DC Comics, que tinha uma popular linha de revistas nessa temática. Mas seu sonho era escrever para os super-heróis da Marvel Comics. Por isso, fez um “teste de escritores” junto ao Editor-Chefe Stan Lee e seu braço direito, o editor assistente Roy Thomas. Embora Lee não tenha se impressionado demais, Thomas apostou no talento do garoto, de modo que Conway fez sua estreia na Marvel em 1970, escrevendo uma aventura de Ka-Zar, um personagem que vivia em uma floresta repleta de dinossauros.
Logo em seguida, Conway passeou por vários títulos da Marvel, fazendo seu nome ser estampado em diversas revistas em 1971, com aventuras de Demolidor, Incrível Hulk, Homem de Ferro, Inumanos e Viúva Negra. Também nesse período, foi cocriador do Homem-Coisa, ao lado de Stan Lee e Roy Thomas; e cocriador do Warenwolf by the night, junto a Thomas, Jean Thomas e o desenhista Mike Ploog. Conway ainda escreveu a primeira edição da revista The Tomb of Dracula, que trazia para as HQs da Marvel o famoso vampiro da literatura.
Ser bem sucedido em todo esse teste permitiu que Conway, aos 19 anos (!), assumisse a revista de maior sucesso da Marvel: Amazing Spider-Man. Era o próprio Stan Lee quem escrevia as aventuras do aracnídeo desdo o início do personagem dez anos antes, contudo, quando Lee foi promovido a Publisher da Marvel Comics, ficou sem tempo para escrever as histórias; indicou Roy Thomas como o novo Editor-Chefe e Conway como seu substituto para a revista do Homem-Aranha, na qual estreou na edição 111, de 1972.
Gerry Conway comandou Amazing Spider-Man por três anos, ficando entre a edição 111 e a 149, de 1975. Nessa temporada (inicialmente com John Romita e Gil Kane como desenhistas, mas depois com Ross Andru na maior parte do tempo) produziu algumas das mais clássicas e famosas aventuras do cabeça de teia, a começar pelo trágico destino de Gwen Stacy, que se tornou um dos eventos mais traumáticos e importantes da indústria das HQs dos EUA em todos os tempos.
Além disso, Conway também trouxe várias adesões importantes, como a criação do Justiceiro (que depois se tornaria um dos personagens mais famosos da Marvel) e de vilões como Chacal e Homem-Lobo. Sua temporada equilibrou um humor hilariante com drama e ação. Foi em suas histórias, por exemplo, em que ocorreu a aproximação entre Peter Parker e Mary Jane Watson. Também foi quando Harry Osborn assumiu o legado do pai e se tornou o segundo Duende Verde.
Mesmo com a responsabilidade de liderar a revista mais vendida do mercado de quadrinhos dos EUA no início dos anos 1970, Conway continuou contribuindo para outras revistas, notadamente, para Fantastic Four, com as histórias do Quarteto Fantástico, que escreveu entre 1973 e 1974. Ele também escreveu a revista The Mighty Thor entre 1972 e 1975.
Após toda essa intensidade, Conway terminou saindo da Marvel e voltando à DC Comics, dessa vez, ingressando no selo de super-heróis, onde na revista All Star Comics criou a personagem Poderosa (Power-Girl). Com seu histórico de sucessos, também assumiu as principais revistas da editora, colaborando em Superman, Batman e Detective Comics (esta também com aventuras do homem-morcego).
Tendo em vista o intenso trânsito entre a Marvel e a DC, Conway foi o escolhido para escrever o histórico encontro entre o Superman (da DC) e o Homem-Aranha (da Marvel), em uma revista especial de 96 páginas, desenhada por Ross Andru (com colaborações de Neal Adams e John Romita), que foi um estrondoso sucesso e um marco no mercado editorial dos quadrinhos, lançada em 1976.
Em seguida, Conway terminou voltando à Marvel por um breve período, na qual chegou até a assumir o cargo de Editor-Chefe, sucedendo Marv Wolfman. Contudo, o escritor não se adaptou à função administrativa e se demitiu em apenas um mês e meio, sendo sucedido por Archie Goodwin. Ainda assim, esse retorno à Marvel rendeu uma série de histórias, notadamente o lançamento da revista Peter Parker: The Spectacular Spider-Man,marcada por aventuras que focavam na vida estudantil de Peter Parker, na convivência com minorias étnicas e no pesado clima social dos anos 1970.
Também escreveu as revistas do Demolidor, Hulk, Capitão Marvel e os Vingadores, entre 1976 e 1977.
Mais uma vez, retornou à DC, onde assumiu a revista Justice League of America, com as histórias da Liga da Justiça, promovendo uma longuíssima temporada que se estendeu entre as edições 151 a 255, de 1978 até 1986! Paralelamente, ele continuou escrevendo aventuras do Superman e foi o responsável pela criação das edições gigantes comemorativas dos 50 anos do personagem, em 1978, que trouxeram Superman vs. Wonder-Woman e Superman vs. Shazam!
Conway também criou o personagem Firestorm (Nuclear no Brasil), em 1978, que fez bastante sucesso na época.
Em 1982, Conway e Roy Thomas foram encarregados de escrever o grande encontro dos Vingadores (da Marvel) com a Liga da Justiça (da DC), projeto que infelizmente não se concretizou por causa de disputas criativas e comerciais entre as duas editoras.
Entre 1982 e 1986, Conway também foi o principal escritor das duas revistas do Batman, criando inúmeros personagens, como Jason Todd (que se transformou no segundo Robin) e o vilão Crocodilo.
Com a reformulação editorial da DC Comics em 1986, Conway terminou perdendo espaço na editora e ficou um tempo sem trabalhos relevantes. Em 1988, terminou voltando à Marvel Comics, onde assumiu a revista Spectacular Spider-Man ao lado do desenhista Sal Buscema. Pouco tempo depois, terminou assumindo também outra revista do aracnídeo, Web of Spider-Man (com o desenhista Alex Saviuk), mantendo o comando das duas até 1991.
É particularmente lembrada sua fase em Spectacular, onde criou o vilão Lápide e uma sequência de histórias cheias de tensão. Em Web desenvolveu os personagens Irmãos Lobo e fechou o arco do vilão O Rosa.
Desde então, Gerry Conway se mantém meio afastado dos quadrinhos, contribuindo agora como escritor para a TV, notadamente nas séries de Law & Order.
Apesar de estar fora do mainstream das HQs de super-heróis há muito tempo, Gerry Conway é um nome que contribuiu de maneira impressionante para essa mídia e seus personagens. Será muito interessante poder vê-lo de volta a seu personagem mais famoso e ver o que a velha guarda ainda pode nos mostrar.
Publicado em Biografias: Quadrinhos, DC Comics, Escritores, Homem-Aranha, Marvel Comics, Revistas, Stan Lee
Jack Kirby: Familiares do artista encerram processo contra a Marvel Comics
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A família do lendário artista Jack Kirby, o “rei dos quadrinhos” e cocriador do Universo Marvel ao lado de Stan Lee, encerrou o processo judicial que moviam há décadas contra a editora Marvel Comics. A família Kirby reivindicava direitos autorais de inúmeros personagens, como Hulk, Thor, Quarteto Fantástico e os X-Men. Segundo um comunicado oficial assinado pelos familiares e a Marvel, as duas partes assinaram um acordo amigável fora do tribunal, terminando a disputa.
Os termos do acordo, obviamente, não foram revelados.
Desde a morte de Jack Kirby, em 1994, a família vem movendo uma série de processos contra a editora. O atual processo foi aberto em 2009, após algumas mudanças na lei de “trabalho de aluguel” nos EUA, mas a Corte da Segunda Apelação deu ganho à Marvel no ano passado (leia mais aqui). A família Kirby foi representada pelo famoso (e polêmico) advogado Marc Toberoff, o mesmo que defendeu a família de Jerry Siegel, o criador do Superman, numa batalha contra a DC Comics, na qual a empresa saiu vencedora – embora os herdeiros tenham ganho uma indenização em dinheiro e alguns direitos sobre a origem do personagem. No Caso Kirby, a Corte Suprema tinha dado ganhos à Marvel, mas as apelações prosseguiram até o atual acordo.
Jack Kirby – leia aqui um post do HQRock sobre a trajetória do artista – foi um dos maiores desenhistas de super-heróis da história, tendo criado o Capitão América (ao lado de Joe Simon) para a Marvel em 1941, antes de sair para a DC Comics e fazer sucesso com histórias de guerra e faroeste. De volta à Marvel no fim dos anos 1950, Kirby fez parceria com Stan Lee e a dupla criou o núcleo central do Universo Marvel: Quarteto Fantástico, Hulk, Thor, Homem de Ferro, os Vingadores, X-Men e seus respectivos universos.
Além dos personagens principais, Kirby criou coadjuvantes que depois se tornaram personagens importantes, como Surfista Prateado, Pantera Negra, Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Nick Fury, a SHIELD e muitos outros; além de vilões emblemáticos, como Magneto, Dr. Destino e Loki.
Kirby saiu da Marvel em 1970, após 102 edições do Quarteto Fantástico; 96 de Thor; e dezenas de outras em personagens variados; além de literalmente centenas de capas. Ele voltou à DC por alguns anos, até retornar outra vez a Marvel em 1975, onde trabalhou novamente com Capitão América, Pantera Negra e alguns outros personagens.
Ao longo da vida, o artista guardou rancor da Marvel (e de Stan Lee) por não ter recebido mérito suficiente por suas criações. Ele morreu em 1994, aos 76 anos. Desde então, sua família vem brigando na justiça pela propriedade das criações do artista, que foi o grande criador visual da Marvel em seus primeiros anos.
Superman: Morre o clássico desenhista Al Plastino
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Faleceu no dia 25 de novembro último Al Plastino, um dos maiores artistas a desenharem o Superman, o mais icônico dos super-heróis, publicado pela editora DC Comics. Plastino se notabilizou principalmente nos anos 1950, sendo cocriador de muitos personagens do universo do homem de aço, como a Supergirl, a Legião dos Super-Heróis e os vilões Brainiac e Parasita.
Nascido Alfred John Plastino em 1921, em Nova York, se criou no Bronx e estudou artes industriais, ingressando no mercado de quadrinhos em 1941, na editora Dynamic Comics, onde ilustrou personagens como Dynamic Man e Major Victory. Também trabalhou na Marvel Comics – na época chamada Timely – fazendo a arte final do Capitão América. Como muitos artistas da época, Plastino foi convocado a servir na II Guerra Mundial, produzindo cartazes para o exército.
De volta ao mercado comercial em 1948, Plastino ingressou na DC Comics, trabalhando com o Superman. Desenhou as revistas Action Comics, Superman, Adventure Comics, em histórias do Superman, do Superboy e da Legião dos Super-Heróis, da qual foi criador ao lado do escritor Otto Binder; também seu parceiro na criação da Supergirl e do vilão Brainiac.
Inicialmente, Al Plastino era obrigado pela DC Comics a imitar o estilo de Wayne Boring, o principal artista do Superman nos anos 1940. Na década seguinte, porém, Plastino pôde empregar seu próprios estilo, mais similar ao de outro grande artista do personagem: Curt Swan.
Plastino protagonizou um dos momentos mais curiosos da carreira do Superman nas HQs. A pedido do Governo dos EUA, a DC encomendou uma história sobre um programa de exercícios físicos bancados pela gestão do presidente John F. Kennedy, em 1963. Plastino desenhou a história, em que o Superman se encontra com o presidente-estrela e, inclusive, revela sua identidade secreta para ele. Contudo, Kennedy foi assassinado em Dallas em 22 de setembro daquele ano – há 50 anos atrás – ainda antes da revista ser publicada.
A DC decidiu manter a história, mas substituiu de última hora o rosto de Kennedy por seu substituto, Lyndon Johnson. Ainda assim, Plastino colocou uma imagem espectral de Kennedy no fim da história, com o ex-presidente observando o homem de aço voando.
Nos anos 1960, Plastino migrou palautinamente das revistas para as tiras de jornal. Entre 1966 e 1972 produziu as tiras de Batman e de Superman, ao mesmo tempo em que esses personagens eram renovados em suas revistas e os velhos artistas eram afastados. As últimas histórias desenhadas pelo artista nas revistas do Superman se deram em 1968. Plastino terminou saindo da DC e trabalhando na tira de Ferd’nando até se aposentar em 1989.
Ele também foi cotado para substituir Alfred Schulz nas tiras de Peanuts, no início dos anos 1970, quando um acordo entre o criador de Charlie Brown e sua editora quase falhou. Schulz realizou o acordo e as tiras desenhadas por Plastino nunca foram publicadas.
Al Plastino morreu vítima de um câncer de próstata após uma longa batalha contra a doença. Ele tinha 91 anos de idade.
Superman foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938 e desde então é publicado pela DC Comics.
DC Comics: Morre o desenhista Nick Cardy
Posted by hqrock - Irapuan Peixoto
Infelizmente, mais um desenhista da velha guarda se foi. Nick Cardy, um dos principais nomes da Era de Prata da DC Comics morreu ontem, vítima de insuficiência cardíaca. A notícia se espalhou via Facebook. O artista de 93 anos vinha sofrendo de problemas de saúde e piorou devido a uma gripe.
Nascido Nicholas Viscardi, em 1920, Nick Cardy foi mais um dos grandes nomes revelados no estúdio de Will Eisner e Jerry Iger, que tercerizavam material para várias editoras em quadrinhos entre o fim dos anos 1930 e início dos 40. Ele havia estudado desenho e escultura na Art Students League of New York e começou no estúdio em 1938, aos 18 anos, produzindo material para revistas como Fight Comics e Jungle Comics. Também via estúdio trabalhou em tiras de jornal. Sua carreira foi interrompida em 1943, quando foi convocado para a II Guerra Mundial, trabalhando como motorista assistente de tanque e sendo ferido em combate e medalhado por isso.
Após a guerra, dedicou-se à arte comercial e de propaganda, mas terminou retornando ao mundo das HQs em 1950, quando passou a ilustrar na famosa tira de jornal de Tarzan, comandada por Burne Hogarth. Em seguida, começou a trabalhar para a DC Comics, em histórias policiais e faroestes, como em Gang Busters e Tomahawk.
Sua entrada no mundo dos super-heróis se deu em 1961, quando substituiu Ramona Fradon como desenhista do Aquaman, numa série de histórias secundárias que o personagem tinha na revista Detective Comics, do Batman. Cardy terminou cumprindo praticamente todo o fim dessa temporada, entre os números 293 e 300.
A arte ágil e bonita de Cardy terminou chamando a atenção para o personagem, que viveu uma onda de popularidade como nunca antes havia tido desde sua criação em 1941. Com isso, Aquaman ganhou uma revista própria em 1962 e Nick Cardy permaneceu como o desenhista. Aquaman teve desenhos de Cardy até o número 39, de 1968, embora o artista tenha permanecido criando as belas capas da revista até a edição final, n.º 56, de 1971.
Paralelamente, também passou a desenhar algumas das edições de The Brave and the Bold, revista que trazia histórias de encontros entre personagens da DC. Com isso, terminou se vinculando aos Jovens Titãs, o grupo de heróis adolescentes formado por Robin, Speedy (Ricardito, no Brasil) e Aqualad. Inclusive, foi Cardy quem desenhou a estreia da personagem Moça-Maravilha, em The Brave and the Bold 60, de 1965, em que a jovem passa a completar o time.
O grande sucesso dos Jovens Titãs levou ao lançamento da revista Teen Titans, novamente com arte de Cardy, que permaneceu no título durante todas as 43 edições da revista, entre 1966 e 1973.
Entre 1972 e 1975, Cardy também se notabilizou como um dos principais capistas da DC, ilustrando as capas de revistas como Batman, Superman, Flash e Justice League. Nesta última, Cardy também passou um período como desenhista das páginas internas, entre os números 99 e 116, de 1972 a 1975.
Nick Cardy se afastou dos quadrinhos após 1975, dedicando-se à arte comercial e aos cartazes de filmes, trabalhando, inclusive, no poster de Apocalipse Now, de Francis Ford Copolla.